Os Deuses Incas
Apesar de sua prática ter desaparecido da terra a alguns séculos, o culto aos deuses incas ainda causa um grande fascínio. O esforço cristão para apagar as narrativas mitológicas da mente coletiva não foi pequeno como o exemplo de Francisco Pizarro, responsável pela grande queima das bibliotecas incas, e perpetrador de um dos maiores crimes culturais que a história tem notícia. Sem acesso a muitas fontes originais, tudo o que sabemos hoje sobre os deuses incas veio ou pena de algum padre espanhol ou da tradição oral sobrevivente entre os povos nativos.
Os deuses incas eram o centro da cultura entre seu povo. Mesmo sendo politeístas o sol era o aspecto mais importante da vida e havia uma quase exclusividade na adoração do estado para com ele. No campo particular se repetia esta tendência clara pela adoração dos astros e da lua. Todos os povos possuem mitos religiosos, mas os mitos da religião inca são particularmente repletos com a assimilação de diferentes deuses. Isso aconteceu porque Império Inca, assim como o Império Romano, permitia que as culturas e povos conquistados mantivessem suas próprias crenças e rituais.
O mais importante culto inca era o do deus sol, Inti e seu culto era organizado por sacerdotes chamados Huillca-Humu. Eles eram responsáveis por apaziguar a ira dos deuses com sacrifícios e realizavam adivinhações. Eram tidos como possuidores de poderes sobrenaturais. Viviam uma vida isolada do restante da população e por meio de uma planta sagrada chamada Huilca, diziam ter a capacidade de se comunicar com os deuses e espíritos guia. Sacsahuaman,localizado em Cusco era o centro da vida religiosa inca. Inti Raymi, a festa do Sol, era a maior celebração do ano.
O mito da criação inca
Segundo a narrativa da criação Inca, no início dos tempos tudo era escuridão, então o deus Con Tiqui Viracocha emergiu do lago Titicaca, trazendo eu suas mão a luz. Com a luz ele criou o deus Sol, a lua, as estrelas e iluminou o mundo. Então ele criou as montanhas, e das montanhas forjou homens e mulheres grávidas, não como os homens de hoje, mas seres desprovidos de ossos no corpo. Então ele enviou as pessoas para todos os cantos do mundo, mas manteve um macho e uma fêmea com ele em Cuzco, o "ventre do mundo".
Então Viracocha povou o mundo de coisas boas para os seres humanos. As pessoas no entanto se esqueceram da bondade do deus criador e se rebelaram não prestando mais as devidas honras, mentindo, roubando e dormindo o dia inteiro. Eles foram então punidos pelos deuses e a chuva parou de cair sobre a terra. As pessoas forma obrigadas a trabalhar duro para encontrar a pouca água que restava até que o deus Pachamac, filho do Sol (Inti), tomou o poder de Viracocha, transformou seus humanos protegidos em macacos e criou os ancestrais dos seres humanos. O irmão de Pachamac, Manco Capac foi colocado como senhor deste mundo para vigiar a terra, organizar a civilização e garantir que os seres humanos não cometessem o erro de seus predecessores.
Os três mundos da realidade Inca
Os incas viam o mundo como compostos de três níveis. A palavra inca para mundo é "Pacha" que pode ser melhor traduzida como "Realidade" do que como "terra"
Uku Pacha, o mundo passado e inferior. Todos os seres vivos vinham deste lugar antes de ter o direito de nascer na terra. Também é o destino dos seres humanos que morrem em erro ou desgraça. A regra para não retornar a Uku Pacha era bem simples, sintetizada na máxima: "ama sua, ama llulla, ama chella" (Não roube, não minta, não seja preguiçoso).
Kay Pacha, o mundo atual, intermediário, onde vivem os seres humanos, os espíritos e os animais. Era considerada uma grande honra nascer em Kay Pacha, pois isso só era permitido com a benção dos deuses. Para cada alma viva em Kay Pacha, muitas centenas de almas em espera havia em Uku pacha. Esta vivo portanto era considerada uma oportunidade única, e irritar os deuses uma atitude extremamente incensata.
Por fim, Hanan Pacha, o mundo futuro era o mundo superior, morada dos deuses e de espíritos superiores. Não se trata do destino natural do ser humano, que já devia se considerar muito feliz de nascer em Kay Pacha e não em Uku Pacha. Par ter-se a glória de nascer em Hanan Pacha, era preciso ter uma morte gloriosa, seja em combate a serviço do Império ou como em um sacrifício ritual aos deuses.
Huacas: Deuses de pedra
Um costume muito comum entre os incas era o de culto a lugares sagrados. Ao contrário de outras tradições religiosas ao redor do mundos, alguns lugares eram sagrados para os Incas, não porque algo de especial aconteceu em seu solo, mas porque o próprio lugar era uma espécie de deus. Estes lugares eram conhecidos como huacas, e em geral eram cavernas ou montanhas, mas em alguns casos poderiam ser até mesmo lagos ou árvores. Não era incomum que os sacerdotes de uma comunidade realizassem oferendas ou tentassem comunicação com um huaca local em busca de proteção ou conselhos.
Os Deuses Incas
Segue uma pequena lista dos deuses que o Império inca permitiu integrar sua cultura. Devido ao imenso número, muitos deles dividem seus domínios e confundem-se em suas origens.
Apo, espírito guardião das montanhas. Todas as montanhas importantes do Império tinham seu próprio Apu, e alguns deles recebiam sacrifícios regulares para revelar certos aspectos de sua divindade. Algumas pedras e cavernas também possuíam seus apus.
Apocatequil, deus dos relâmpagos
Ataguchu, deus que serviu Viracocha no mito da criação.
Catequil, deus dos trovões e dos relâmpagos
Cavillace, a deusa virgem que comeu uma fruta que continha o esperma de Coniraya, o deus da lua. Quando seu filho nasceu, ela exigiu saber quem era seu pai. Nenhum deus se manifestou, então ela colocou seu bebe no chão e ele engatinhou até Coniraya. Ela ficou envergonhada devido a baixa estatura de Coniraya entre os deuses, e fugiu para a costa do continente onde transformou a si e a seu filho em pedras.
Chasca, deusa da manhã, do crepúsculo e de Venus. Protetora das garotas virgens.
Chasca Coyllus, deus das flores e das meninas.
Chiqui Illapa- O Deus trovão, das tempestades, que norteia a cadência das secas e das chuvas.
Kuka mama ou Mama Kuka. Deusa da saúde e da alegria. Originalmente uma mulher promiscua que foi assassinada por seus vários amantes. De seu corpo nasceram as primeiras folhas de coca. Seus adoradores mascavam folhas de coca sempre que levavam uma mulher ao orgasmo.
Konira Viracocha, O deus trapaceiro. Na verdade uma das formas de Viracocha.Nesta forma o deus vaga pelo mundo vestido como um mendigo ou forasteiro para testar a gratidão dos seres humanos. Com uma simples palavra pode criar campos, ou arruinar colheitas.
Coniraia, deus da lua, que escondeu o esperma na fruta que Cavillaca comeu.
Copacati, uma deusa lago.
Ekkeko, deus do coração e da riqueza. Os sacerdotes deste deus criavam bonecos dele que continham versões em miniatura de seus desejos no forro buscando desta forma atrair seu poder e beneplácito.
Illapa, um extremamente popular deus do clima e do bom tempo. Seu feriado era celebrado todos os anos para que ele mantivesse o universo no lugar e trouxesse a chuva. Sua aparência era a de um homem usando roupas de luz, carregando uma vara e ele foi o principal deus do reino de Colla antes da província de Collasuyu fosse anexada ao Império inca.
Inti, deus sol, fonte da luz, do calor, da fartura e protetor das pessoas. Inti era de longe o deus mais importante do império. Seu nome quer dizer em quíchua, literalmente: Sol. Inti era visto pelos incas como seu o progenitor de todos os seus imperadores. A própria representação da cultura inca é o disco de inti, um disco de ouro com o rosto humano.
Kon, deus da chuva e do vento que sopra do sul. Filho de Inti com Mama Quilla
Mama Allpa, deus da fertilidade retratada como tento muitos e muitos seios.
Mama Cocha, mãe do mar, deusa dos oceanos e dos peixes, protetora dos navegantes e dos pescadores. Em algumas lendas é mãe de Inti e Mama Quilla com Viracocha.
Mama Pacha, esposa de Pachamac, uma dragoa com poder sobre o plantio e a colheita. Causadora dos terremotos.
Mama Quilla, mãe lua, ou mãe dourada, deusa da noite, dos casamentos e protetora das mulheres. Filha de Viracocha com Mama Cocha e esposa de Inti. Mãe de Manco Capac , Pachamac, Kon, e Mama Ocllo.
Mama Zara, mãe dos grãos, deusa das colheitas do milho. Ela era associada com os pés de milho que cresciam de maneira estranha e fora do normal. Estas plantas eram vestidas como bonecas de Mama Zara e não eram colhidas.
Manco Capac - Manco Capac foi o legendário fundador da dinastia Inca, no Peru e da dinastia Cuzco em Cuzco. As lendas e histórias ao redor desta figura são numerosas, e muitas vezes contraditórias. Algumas por exemplo atestam que ele é filho de Tici Viracocha, o deus criador, outras contam que ele foi trazido das profundezas do lago Titicaca pelo deus sol Inti. De qualquer forma, todas as versões concordam com a origem divina deste fundador. Em diversos relatos Manco Capac é ele mesmo igualado ao deus sol ou cultuado como o deus do fogo.
Pacha Camac, um deus criador, adorado pelo povo de Ichma, mas posteriormente assimilado na narrativa da criação Inca.
Pariacaca, deus da áhua na mitologia pré-inca. Também deus das tempestades. Nasceu como falcão mas depois tomou a forma humana.
Paricia, deus das inundações que envia as enchentes para aqueles que não lhe demonstram o respeito devido. Possivelmente outro nome para Pachacamac.
Supai, deus da morte e governante de Uca Pacha. Muito temido pelos Incas, visto que exigia crianças em sacrifício para apaziguar sua ira. Em algumas narrativas este nome é usado para se referir a todos os espíritos residentes de Uca Pacha.
Urcaguari, deus dos metais, das jóias e dos tesouros que existem abaixo da terra.
Uruchillai, deus protetor dos animais
Viracocha, deus primordial e senhor da criação de onde veio toda a vida e todos os outros deuses. Ligado tradicionalmente à cidade de Tihuanaco, cuja importância centro religioso remonta a era pré-inca. Segundo a narrativa original Viracocha nasceu de uma virgem e apresenta com freqüência características solares. Seu título "Pachamac" designa-o como "criador do mundo". Os que não lhe prestam homenagem devida são destruídos pela água ou pelo fogo.
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